Conhecendo o solo para melhor cultivo do seu jardim.
Para se ter um bom jardim, é essencial um bom solo, que é a base para o desenvolvimento das plantas. É ele que vai proporcionar:
- Estrutura de sustentação;
- Nutrientes;
- Ar;
- Água.
No post de hoje, trazemos os conceitos principais do solo, como é a sua formação, os tipos e formação dos horizontes, as diferenças entre solos, nomenclatura dos solos e custo no mercado, enfim, todo o conteúdo teórico para que você entenda de forma técnica como escolher o melhor solo para cultivo de seu jardim.
Conceito de solo
Existem várias definições para solos, porém, um conceito simples, mas ao mesmo tempo abrangente é:
“solo é a camada superficial intemperizada da crosta terrestre que suporta ou é capaz de suportar plantas”.
A palavra INTEMPERIZADA provém da palavra intemperismo, que nada mais é do que a desagregação e decomposição dos minerais da rocha-mãe e outros sedimentos pela ação de fatores do ambiente, principalmente os relacionados ao clima (intempéries): chuvas, ventos, temperatura.
O solo possui uma série de propriedades físicas e químicas que permitam o crescimento de plantas sobre ele.
Formação do solo
A formação do solo é muito lenta, aproximadamente 2,5 mm a cada 300 anos, portanto, devemos sempre nos preocupar com o controle da erosão, que é um processo que pode deteriorar rapidamente a qualidade do solo.
Como visto anteriormente, o solo é formado por processos de intemperismo, ou seja, pela desagregação e decomposição dos minerais da rocha-mãe em partículas menores e alteradas. Estes processos podem ser:
- Químicos: pela tentativa de estabilização da superfície da rocha por reações químicas quando ocorre exposição a um novo ambiente;
- Físicos: pela freqüente expansão e retração da rocha pela temperatura ou, pela fragmentação da mesma no congelamento da água contida em seus poros; ou
- Biológicos: pela ação de seres vivos como a minhoca que tritura em seu trato digestivo, materiais inorgânicos reduzindo seu tamanho, pelas raízes que penetram em poros e fraturas ocasionando rachaduras da rocha durante seu crescimento ou, pela secreção de produtos orgânicos ativos pelas algas, musgos ou líquens que habitam a superfície das rochas.
(Imagem ao lado: Minhocas afofam o solo - Disponível em: <http://theeravanibekal.blogspot.com.br/2010/11/blog-post_14.html>.Acesso em: jul. 2018.
Existe um grande número de fatores que influem na formação dos solos, e podemos dividi-los em fatores externos e internos.
(Imagem abaixo: Ilustração esquemática da transformação de rocha em solo).
Fatores externos
Material de origem
Existem vários tipos de rocha (basalto, granito, diabásio, arenito, quartzo, ... ) e cada uma dá origem a um tipo diferente de solo, pois possuem diferentes componentes e suscetibilidades ao intemperismo.
Clima
Os elementos do clima que influenciam na formação do solo são:
-Temperatura: altera a velocidade de reações, afeta o desenvolvimento dos microrganismos;
- Chuvas: favorece a infiltração de água no solo, as reações químicas e físicas, pode ocasionar a lixiviação (lavagem de nutrientes e partículas de solo para horizontes mais profundos) e a erosão.
(Imagem ao lado: Solo desagregado pela água da chuva - disponível em: Objetivo mídia).
- Ventos: afeta umidade do solo, pode ocasionar transporte de material (erosão) ou modificar o clima pela movimentação das massas de ar (frias ou quentes).
Organismos
Os organismos que influenciam na formação do solo são:
- Cobertura vegetal: proteção do solo contra a ação erosiva das chuvas, adição de matéria orgânica pela queda e acúmulo de folhas e raízes.
(Imagem ao lado: Cobertura vegetal - disponível em: Objetivo mídia).
- Fauna: homogeneização e aeração dos perfis pela atividade escavadora, adição de matéria orgânica;
- Homem: alteração do ambiente pelo uso de irrigação e drenagem, construção de estradas e outras atividades.
Tempo
O solo está em constante e lenta mudança, portanto a idade do solo influencia algumas de suas características, tais como: formação de camadas duras, ricas em argila.
Relevo
O relevo é um fator importante na formação do solo, influenciando principalmente quanto à infiltração de água. Em locais planos, a infiltração é maior e o escorrimento é menor, ao contrário dos locais com declive, portanto, em locais planos, o solo costuma ser mais profundo, conforme o gráfico a seguir:
A temperatura também é influenciada pelo relevo, pois há uma maior insolação na face norte, com isso, pode haver diferenças nos solos de faces distintas.
(Imagem abaixo: Rosa-dis-ventos - Disponível em: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1038&evento=1 - Acesso em: Jul. 2018.
Face sul: menor insolação, menor temperatura, ventos frios;
Face norte: maior insolação, maior temperatura, maior atividade biológica, maior crescimento da vegetação, solos mais profundos;
As propriedades relacionadas com o relevo são:
Profundidade do solo, espessura e conteúdo da matéria orgânica do horizonte A, relativo umedecimento, cor, grau de diferenciação dos horizontes, pH, teor de sais solúveis, características do material de origem.
Fatores internos
São os processos pedogenéticos de formação do solo, podem ser representados pelas Adições, Transformações, Transportes e as Perdas.
Adição
É representada pela entrada de todo e qualquer material no perfil do solo. A adição pode ser eólica (ventos), por chuvas, difusão, pelo lençol freático, rios ou por fatores biológicos.
Transformação
É toda reação que modifica os constituintes do solo. Pode ser: Química (Dissolução, Oxidação, Hidrólise), Física (Cristalização de Sais, Ação das Raízes) ou Biológica.
Transporte
É a movimentação de certos elementos contidos no solo. Os principais agentes de transporte são: a solução livre do solo, que através dos macroporos ou microporos transportam os nutrientes e pequenas partículas de argila; a solução vascular dos vegetais, pelo transporte de água e íons; transporte pelos seres vivos.
Perda
Caracteriza-se pela extração de nutrientes através da colheita, queimadas ou pela lixiviação e, pela perda de partículas de solo em processos erosivos ocasionados por enxurradas ou ventos.
Os horizontes do solo
No processo natural de sua formação, praticamente todos os solos sofrem processos comuns que dão origem a camadas diferenciadas em termos de cor, textura, consistência, atividade biológica, etc...
Isto pode ser observado em construções de estradas, quando há movimentações de terra e o solo é cortado deixando expostas estas diferentes camadas, ou mesmo quando cavamos um buraco mais profundo e percebemos que numa determinada profundidade o solo fica mais duro. Essas camadas recebem o nome de Horizontes. A sucessão de horizontes desde a superfície até a rocha mãe, denomina-se PERFIL.
(Imagem ao lado: ilustração didática dos horizontes e perfil do solo ).
Formação dos horizontes
Os horizontes são formados principalmente por 3 fatores:
- A matéria orgânica que é escura se acumula nas camadas superficiais, pois os organismos vivem sobre sua superfície, formando uma camada escura e rasa na superfície, dando origem ao (horizonte O).
- A argila, por apresentar as menores partículas, percola, ou seja, é levada pela água para camadas mais profundas, deixando a camada superficial mais arenosa (horizonte A) e a camada profunda mais argilosa e dura (horizonte B). Além disso, a água transporta também parte da matéria orgânica, misturando-a com a camada superficial, deixando-a mais escura e fácil de trabalhar (horizonte A).
- As camadas mais profundas por estarem longe da superfície sofrem menor intemperização, apresentando ainda pedras (horizonte C).
Tipos de horizontes
Assim, normalmente o solo possui quatro horizontes bem fáceis de distinguir:
(Imagem abaixo: Ilustração esquemática dos horizontes do solo):
Horizonte O
Representa a matéria orgânica presente na superfície, possui restos de animais e vegetais. Apresenta coloração bem escura devido ao alto teor de matéria orgânica (mais de 20%). Esta camada é ausente em solos urbanos, sendo mais comum em solos de florestas e recebe o nome de serrapilheira. Possui geralmente uma espessura pequena (5 a 10 cm).
Horizonte A
Região em que se desenvolvem as raízes das plantas, tem uma espessura de 20-50 cm. Trata-se da camada mais fértil do perfil do solo, geralmente possui cor marrom escura por causa da matéria orgânica. Este horizonte apresenta textura arenosa, pois a argila percola para camadas mais profundas.
Horizonte B
Corresponde ao subsolo, mais duro, compacto, às vezes impermeável. Pode atingir vários metros de espessura em que encontramos substâncias orgânicas drenadas. A textura é mais argilosa e sua coloração geralmente é avermelhada.
Horizonte C
É o horizonte mais profundo, posicionando-se logo acima da rocha-mãe. Por sofrer menor intemperismo, apresenta grande quantidade de pedras e recebe muitas vezes o nome de saibro.
Será que todo solo possui estes horizontes?
Quando estudamos estas teorias de formação de solos, temos a tendência de imaginar todos os solos com todos os quatro horizontes, porém, verificamos que nem sempre eles estão presentes, como por exemplo:
- Uma terraplenagem feita em um terreno pode ter removido ou alterado a posição dos horizontes;
- Um solo pode não apresentar o horizonte O, pois a matéria orgânica pode ter sido decomposta por microrganismos e não ter sido reposta;
- Um solo numa região desértica não apresenta vegetação para formar o horizonte O;
- Um solo numa região alagada apresenta uma grande deposição de matéria orgânica em sua superfície, pois em ambiente anaeróbio, os microrganismos que decompõem a matéria orgânica não sobrevivem.
Nomenclatura de solos dos diferentes horizontes no mercado
Obviamente se formos adquirir solos destes horizontes no mercado, não podemos utilizar esta nomenclatura técnica de horizontes O, A, B e C, sob o risco de não conseguir encontrar nada por não ter sido compreendido.
A nomenclatura utilizada no mercado para solos dos diferentes horizontes é:
- Solos de horizonte O: no mercado é comumente chamada de terra preta.
- Solos de horizonte A: no mercado é comumente chamada de terra mista, terra marrom, terra para jardim;
- Solos de horizonte B: no mercado é comumente chamada de terra vermelha;
- Solos de horizonte C: geralmente não tem valor no mercado, pois possui muitas pedras e é chamada de saibro.
Custo do solo no mercado
O custo da terra no mercado é muito variável, dependendo do município, do fornecedor, da qualidade, da quantidade adquirida, e outros fatores, dificultando a confecção de uma tabela padrão de preços, mas há alguns parâmetros que podem ser seguidos:
- A terra preta é mais cara que a terra mista, e a terra vermelha é a mais barata de todas;
- a terra a granel, em m3, é mais barata que a ensacada;
- um saco de terra geralmente vem com 30 litros de terra e pesa 40 Kg;
- um caminhão padrão de terra para jardim possui geralmente 5 m3 ;
- quando se compra caminhões “fechados” (com capacidade máxima) o valor do frete já está incluso no preço, pois vem direto do fornecedor, não passando pelo revendedor.
A base para um bom preparo de solo
Estas teorias sobre a formação do solo são as bases para qualquer preparo de solo, pois as plantas em seu processo evolutivo adaptaram seus sistemas radiculares a estes horizontes naturais, portanto, nada melhor do que tentar sempre “imitar” a natureza para ter sucesso no cultivo das plantas.
Qualquer preparo de solo deve tentar imitar estas características, desde o preparo de um simples vaso a uma grande jardineira de um prédio e até a realização de uma terraplenagem numa área de solo permeável.
(Imagem abaixo: Etapas de preparo de vasos - Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/2814818489425496/. Acesso em:jul.2018).
Devemos levar em consideração que todos os horizontes possuem uma determinada função para a planta, por exemplo, o horizonte B, que é argiloso e duro e aparentemente não tem uma função muito especial, é importante para dar estabilidade para árvores e palmeiras de grande porte. O horizonte A é onde a maior parte das raízes se encontra, portanto deve ser mais arenoso para facilitar o crescimento das raízes.
Quando preparamos um solo, devemos sempre ter em mente que o mais importante é tentarmos recuperar a camada mais superficial, os horizontes O e A, que geralmente foram degradados e são os mais importantes, pois a maior parte das raízes aí se encontra. Assim, devemos sempre fazer um preparo de solo visando obter uma camada de pelo menos 20 cm de terra de boa qualidade.
Obviamente, isto pode ter um custo muito elevado se a área for muito grande, assim, deve-se utilizar o bom senso, diminuindo esta quantidade de terra boa e escolhendo plantas mais rústicas e resistentes, que não exigem um solo muito fértil.
*** No próximo post da categoria SOLOS, falaremos sobre o preparo do solo para vasos, jardineiras, laje e solo natural - Aguardem!
Um abraço verde!
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(Foto de capa - Disponível em: http://www.ekojardinagem.com.br/?page_id=39. Acesso me: junlh.2018